PMA/Abubakar Garelnabei – Muitas famílias fugiram para a relativa segurança de Porto Sudão
Após 14 meses de guerra, a população do país africano sofre com deslocamentos constantes, fome iminente e riscos de enchentes severas; escalada do conflito deixou 55 mil deslocados ao sul da capital Cartum; comunidades anfitriãs nos países vizinhos estão sobrecarregadas.
Milhões de pessoas foram forçadas a deixar o Sudão no meio de uma guerra civil que se espalha pelo país. Agentes humanitários da ONU relataram nesta terça-feira, dia 2 de julho, que mais de 55 mil pessoas fugiram da cidade de Sinja, ao sul da capital Cartum.
Para fornecer ajuda vital às pessoas forçadas a deixar o Sudão, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, revisou seu apelo original de US$ 1,4 mil milhões para US$ 1,5 mil milhões.
Fome, violações e inundações
O chefe da Comunicação Global da agência, Ewan Watson, disse que o financiamento ajudaria e protegeria até 3,3 milhões de pessoas forçadas a fugir da violência e de “condições de quase fome”, pelos próximos seis meses.
O representante do Acnur disse que “não se trata apenas de fome, mas de violações brutais dos direitos humanos e de inundações este ano que devem ser as piores em muitos anos”.
Segundo ele, isso não só dificulta a entrega de ajuda humanitária, mas significa que “as pessoas ficam presas onde estão, com pouca ajuda e sem condições de fugir”.

Em fuga de uma guerra brutal
A guerra no Sudão começou há 14 meses, quando as Forças Armadas Sudanesas, SAF, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido, RSF, entraram em confronto após tensões crescentes relacionadas à transição para um governo civil.
Segundo o Acnur, milhares de pessoas deixam o Sudão “todos os dias, fugindo da violência brutal e dos abusos, da morte, da interrupção dos serviços, do acesso limitado à ajuda humanitária”, além da fome iminente.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, disse que dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas nos últimos dias após confrontos entre as SAF e as RSF em Sinja, no sudeste do país.
A porta-voz da agência, Vanessa Hugenin, citou relatos de que “homens armados saquearam e pilharam casas e lojas e ocuparam prédios governamentais”.
A busca por refúgio
Ela destacou a insegurança adicional em Abu Hujar e na vizinha Ad Dali, observando que a grande maioria dos desabrigados pela violência está a mudar-se para o leste, em direção ao estado vizinho de Gedaref.
Vanessa disse que o Ocha e seus parceiros humanitários em Gedaref estão a preparar-se para a chegada de pessoas deslocadas pelos confrontos em Sinja, com alimentos e suprimentos nutricionais suficientes para atender às necessidades de dezenas de milhares de sudaneses.
Com financiamento adicional, o Acnur planeia reforçar a assistência aos refugiados e comunidades anfitriãs na República Centro-Africana, Chade, Egito, Etiópia, Líbia, Sudão do Sul e Uganda.