ONU/Habib Samadov – Na ‘Sala Verde’ da COP29 em Baku, Azerbaijão, estão em exibição modelos de cidades verdes e outras exposições baseadas em soluções climática
52% das emissões de gases de efeito estufa vêm de apenas 25 megacidades, incluindo, entre outras, Xangai, Pequim, Tóquio, Moscovo e Nova Iorque; centros urbanos sofrem desproporcionalmente com o aquecimento global.
À medida que as negociações climáticas da 29ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática, COP29, entram na sua fase final em Baku, Azerbaijão, os participantes aguardam ansiosamente o avanço rumo a um novo objetivo de financiamento.
Um ponto crítico que surgiu nos últimos oito dias é de onde virão os mil milhões, ou possivelmente triliões de dólares, que os países em desenvolvimento precisam para se adaptar ao rápido aquecimento global. As fontes sob consideração incluem governos de países ricos, bancos multilaterais e o setor privado.
Igualdade do género
Na continuação das discussões de alto nível sobre outros temas, nessta quarta-feira (20 novembro), o foco foram questões como urbanização, transporte e turismo. Na quinta, 21 de novembro, o tema central vai ser a igualdade de género.
A chefe da seção intergovernamental da ONU Mulheres, Catarina Carvalho, conversou com a enviada da ONU News em Baku sobre uma maior participação das mulheres nas tomadas de decisão.
“É uma questão bastante importante quer as mulheres indígenas, quer as mulheres locais, quer as agricultoras, as mulheres do mar. Como é que nós asseguramos que as necessidades e os direitos delas são tidos em conta quando desenvolvemos políticas na área climática? Outra questão importante é a questão do financiamento. Como é que nós, ao financiarmos as áreas climáticas, não nos esqueçamos das organizações de mulheres que trabalham nesta área, quer como defensoras do ambiente, quer como aquelas que trabalham a agricultura e valorizamos os seus saberes e as suas práticas?”.
Ela afirmou que ao se negligenciar a igualdade do género, “50% da população é esquecida”.
Apelo aos prefeitos de grandes cidades
Tendo em vista que as cidades abrigam metade da população mundial, e devem receber mais 2,4 mil milhões de habitantes nos próximos 20 anos, os debates na COP29 abordaram como os centros urbanos emitem gases de efeito estufa e, por outro lado, sofrem desproporcionalmente com o aquecimento do planeta.
Num evento que reuniu “Presidentes de Câmara” de várias partes do mundo, a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio ambiente, Pnuma, destacou que 52% de todas as emissões de gases de efeito estufa vêm de apenas 25 megacidades, incluindo, entre outras, Xangai, Pequim, Tóquio, Moscovo e Nova Iorque.
Inger Andersen disse aos Presidentes que as ações implementadas nos centros urbanos “podem ter um impacto enorme”. Ela estimulou medidas como padrões para eficiência energética, gerenciadores de resíduos e emissões de metano, melhoria do transporte público e incentivo à mobilidade elétrica.
Durante uma reunião ministerial, a diretora executiva do ONU-Habitat, Anaclaudia Rossbach, alertou que o desenvolvimento urbano rápido e desordenado representa ameaças à biodiversidade, ao meio ambiente e à segurança alimentar. Segundo ela as consequências também incluem a fragmentação social e deterioração financeira.
Rossbach enfatizou que há apenas um caminho a seguir, “uma trilha coletiva onde as necessidades sociais, urbanas e climáticas são tratadas de maneira harmoniosa sobre uma base económica sólida”.
Turismo e mudanças climáticas
Pela primeira vez, o tema do turismo está a ser discutido numa COP, no contexto de seu impacto no clima.
Em 2023, o setor de turismo se recuperou das dificuldades da pandemia de Covid-19, com as chegadas internacionais voltando a quase 90% dos níveis pré-pandemicos. Nesse ano, o setor contribuiu com 3% do Produto Interno Bruto global, o equivalente a US$ 3,3 trilhões, e empregou uma em cada 10 pessoas no mundo.
Em entrevista à ONU News, Andersen reiterou o seu apelo para que as partes interessadas da COP29 garantam que a indústria do turismo diminua emissões de carbono.
A chefe do Pnuma disse que é preciso entender que o setor de turismo “é tanto vítima quanto contribuidor da mudança climática”.