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Quinta-feira - 23 Janeiro 2025

Num ano, Haiti aumentou em 70% número de crianças em grupos armados

Destaques


Unocha/Giles Clarke – Crianças do Haiti são frequentemente coagidas a juntar-se para sustentar as suas famílias

Quase metade de todas as gangues do país é formada por crianças; Unicef aponta pobreza generalizada, falta de acesso à educação e o quase colapso da infraestrutura com causas do problema.

O recrutamento de crianças por gangues armadas no Haiti atingiu níveis alarmantes, com uma alta acima de 70% registada entre o segundo trimestre de 2023 e 2024. O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, revelou que esse nível não tem precedentes.

UNICEF/Ralph Tedy Erol – Crianças haitianas estão a viver em número cada vez menor de áreas fora do controlo de grupos armados

De acordo com o informe, publicado esta segunda-feira em Porto Príncipe e Nova Iorque, os menores de idade perfazem entre 30% e 50% dos membros de gangues no país atingido pela violência.

Comunidades que antes eram pacíficas

A ONU estima que grupos armados controlem até 85% de Porto Príncipe e que estes se tenham expandido a sua influência chegando agora as comunidades que antes eram pacíficas “numa tentativa de dominar toda a capital”.

No país com mais de 60% da população a viver com menos de US$ 4 por dia, a crise de proteção é “cada vez pior” para as crianças da ilha caribenha marcada pela violência.

Para a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, as crianças no Haiti “estão presas num círculo vicioso, ao serem recrutadas para os mesmos grupos armados que estão a alimentar o seu desespero e em números que estão em crescendo”.

UNICEF/Ralph Tedy Erol – Cerca de 365 mil menores haitianos estariam em condições terríveis e expostas a múltiplas ameaças na capital

A também defensora do Comitê Permanente Interagências para o Haiti assinala “uma tendência inaceitável que deve ser revertida, garantindo que a segurança e o bem-estar das crianças sejam prioritários por todas as partes.”

Colapso de infraestrutura essencial

Entre os fatores que ditaram a escalada da violência no Haiti estão a pobreza generalizada, falta de educação e o “quase colapso de infraestrutura essencial e dos serviços sociais haitianos”.

As crianças são frequentemente coagidas a juntarem-se para sustentar as suas famílias ou cedem a ameaças à sua segurança. Muitas delas são “recrutadas após serem separadas de seus cuidadores, privadas de proteção e opções de sobrevivência.”

Entre os fatores que ditaram a escalada da violência no Haiti estão pobreza generalizada, falta de acesso à educação e o “quase colapso de infraestrutura essencial e dos serviços sociais haitianos”.

As crianças são frequentemente coagidas a juntar-se para sustentar as suas famílias ou cedem a ameaças à sua segurança. Muitas delas são “recrutadas após serem separadas de seus cuidadores, privadas de proteção e opções de sobrevivência.”

Nesse contexto, elas estão “a viver num número cada vez menor de áreas fora do controlo de grupos armados” e são frequentemente olhadas com suspeita. Elas correm o risco de serem rotuladas como espiãs ou até mesmo mortas por movimentos de vigilantes.

Por outro lado, as suas vidas e segurança ficam imediatamente em risco quando elas desertam ou se recusam a juntar-se à violência.

O Unicef lista ainda as atrocidades cometidas a crianças em muitas partes ressaltando atos que “nenhuma delas deveria ter que vivenciar cicatrizes psicológicas e emocionais que podem assombrá-las por toda a vida”. Russell ressalta que “o caos e o horror tornaram-se parte da vida.”

Ameaça de violência armada

A capital do Haiti, Porto Príncipe, concentra cerca de 1,2 milhão de crianças a viver sob ameaça de violência armada.  Estima-se que 25% dos 703 mil deslocados internos, ou 365 mil menores, estejam em “condições terríveis e expostas a múltiplas ameaças”.

Ao mesmo tempo, os níveis de agressão sexual e violadas tornaram-se desenfreados no Haiti.

De acordo com o Gabinete da Representante Especial do Secretário-Geral para Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba, destaca que somente neste ano, houve uma alta de mais de 10 vezes em termos de crianças expostas à violência sexual.

A agência revelou ter alcançado mais de 25 mil beneficiários de serviços e ações de auxílio relacionados à violência sexual e de género, incluindo gerenciamento de casos de vários setores como apoio psicossocial e sensibilização comunitária.

Recentemente, um relatório ao Conselho de Segurança caracterizou o desespero que geralmente leva menores a juntarem-se a gangues. Uma delas relatou ter recebido US$ 33 por semana e outra disse ter ganho milhares de dólares num mês.

Jornal Comunidades Lusófonas
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