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Estivemos à conversa com Denise Costa, uma portuguesa, que nasceu em Joanesburgo e foi para Portugal com os seus 11 anos. Formou-se em terras lusas e quando terminou a sua licenciatura, foi convidada pelo seu tio, que vivia em Nova Iorque, para experimentar ir viver para lá. Assim fez. Antes de entrar nas Nações Unidas, na Sede, em Nova Iorque, fez um longo percurso de outros trabalhos, desde a televisão local até ao conhecido restaurante do seu tio “Alfama”. Não teve mãos a medir e esta lutadora conseguiu alcançar, o que muitos anseiam, a Sede da Diplomacia Internacional.
Nasceu em Joanesburgo, África do Sul. Vem de famílias migrantes, desde o tempo dos bisavós, avós, que viveram em África. Os pais também nasceram em África, “eu nasci em Joanesburgo, onde vivi até aos meus 11 anos”, depois foi para Portugal. Cresceu na zona de Oeiras, Lisboa, onde fez o curso de Comunicação Social e Cultural na Universidade Católica Portuguesa.
Iniciou o curso em 1997 e terminou em 2002, e logo a seguir ter terminado o curso, foi para Nova Iorque em Setembro de 2002. Tinha lá um tio que já vivia há uns anos e sugeriu-me ir experimentar viver em Nova Iorque.
Quando chegou a Nova Iorque, foi fazer um estágio numa televisão local em Nova Jérsia, (SPT), que trabalhava com a a SIC Notícias. Na altura tinha um programa que era o “Mar Portuguez” e produzia conteúdos para esse programa.
Durante o período do estágio começou a trabalhar muito com a comunidade portuguesa, no programa da SIC Notícias, “O Mar Portuguez”.
Esteve lá algum tempo a fazer estágios na televisão. Foi conhecendo muitas pessoas na comunidade portuguesa e passados alguns tempos, na televisão, mudou para outro canal, a RTP Internacional a fazer um programa chamado “Contacto”. Que se baseava em histórias de portugueses emigrantes que viviam naquela zona de Nova Iorque e Nova Jérsia. Trabalhou com a RTP Internacional mais ou menos uns dois anos.
Mantinha a sua atividade da televisão com um Restaurante em Manhattan , o “Alfama”, que era um dos proprietários o seu tio. O restaurante estava localizado no West Village, durante 10 anos, até 2009.
No Restaurante, trabalhava na parte das Relações Públicas, e dar a conhecer a gastronomia portuguesa, pelos meios de comunicação social “aqui em Nova Iorque”, e também ajudava com a gestão do restaurante. Falava com os clientes, de tudo um pouco. Passava muito tempo no restaurante porque era “como uma segunda casa.”
Todos os seus amigos que eu tinha estavam lá, “era como se estivesse numa casa portuguesa que eu tinha quando cheguei a Nova Iorque. E também me ajudou muito, porque foi no Alfama que fui conhecendo outras pessoas, e fazer o tal “Networking”, que me abriu outras portas e ter chegado às Nações Unidas.”
Os meus primeiros 10 anos em Nova Iorque foram muito saltitantes no sentido profissional porque fazia um pouco de tudo, também estive envolvida com a Câmara de Comércio Luso-Americana de Nova Jérsia.
Conheceu uma joalheira portuguesa, que abriu uma loja em Nova Iorque, tendo trabalhado com ela. Também conheceu Ana Miranda, que iniciou um projeto que é “Arte Institute”, que faz muito a promoção da cultura e artistas portugueses, pelo mundo.
O salto para as Nações Unidas
Foi fazendo um pouco de tudo, depois em 2012, iniciou a sua carreira nas Nações Unidas.
No início fui destacada para um serviço, que se chamava-se Rádio ONU, era um trabalho multimédia “fazíamos muita coisa de rádio, para os países da língua Oficial Portuguesa. Porque este departamento representava, e representa, os oito países de língua portuguesa, e obviamente, eram trabalhos de notícias na rádio e também fazíamos um pouco trabalho de vídeo.”
Na altura havia um programa dentro desta plataforma, que se chamava “Destaque On the News”, em que fazíamos uns vídeos, de 3 ou 4 minutos, com notícias diárias, onde teve uma grande participação nesse projeto, e esteve lá cinco anos na ONU News em Português.
Depois surgiu a oportunidade, em 2018, passar da equipa ONU News para a equipa de “Redes Sociais” onde gere as contas oficiais, “ainda estou nessa equipa”, mais na vertente das contas em português, trabalha para a equipa “Global”, onde “temos as contas oficiais nas nove línguas.”
As Nações Unidas só tem seis línguas oficiais, mas o português também tem um departamento “e eu estou nas contas das Redes oficias da ONU pelas Nações Unidas em Português” “E continuo a fazer esse trabalho desde 2018.”
As coisas mudaram um pouco ao longo destes anos, “já não faço trabalho de vídeo ou rádio”, produz conteúdos, e gere as contas das Nações Unidas.
Revelou-nos também que qualquer órgão de Comunicação Social tem acesso online a notícias das Nações Unidas de todo o Mundo, no site da UN NEWS, e que podem ser consultadas todas as notícias referentes a todas notícias referentes à ONU e suas Agências Internacionais.
Em que consiste o trabalho de Denise
O seu trabalho tem por finalidade seguir a atualidade internacional, “muitas vezes trabalhamos com coisas que são da Sede, que são reuniões no Conselho de Segurança, na Assembleia-Geral, coisas que acontecem no dia a dia e a cobertura do Secretário-Geral.” Mas depois também trabalham com redes sociais com as Agências das Nações Unidas, e são muitas.
Existe todo um leque enorme, de Agências espalhadas por todo o mundo, a UNICEF, UNESCO, Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde, ou seja todas essas Agências e Organizações.
Muitas vezes “enviam-nos material de acordo com a atualidade com o que está a acontecer”. Muitas das vezes são coisas internacionais, ou relatórios sobre Clima. Esta semana saiu um sobre o estado do Clima. Também saem relatórios sobre má nutrição de crianças a nível global, tudo o que vem das Agências acabam por chegar às redes das Nações Unidas “e depois nós “agarramos” nos conteúdos.”
No seu caso trabalha em português, há todo um trabalho de traduzir e adaptar todos estes conteúdos “para a nossa língua”. E depois introduzir materiais ilustrativos. Às vezes em imagem e outras em vídeo. E organizar “as nossas “postagens”” ao longo do dia de acordo com o que está acontecer. E ocorre com frequência notícias à última da hora. Desastres climáticos, crises humanitárias, ou guerras, tudo isto é um trabalho coordenado “que nós fazemos para publicar nas nossas redes.” O trabalho é essencialmente este, “mas há muitas mais coisas que produzimos”.