Nome: Francisco / Maria
Idade: 82 / 74
Vive: Portugal / Vila Real
Ex-emigrantes
Francisco dos Anjos e Maria Gomes, são dois ex-emigrantes, que em 1968 se lançaram ao “desconhecido” para a Alemanha. O objetivo era “proporcionar um futuro melhor aos filhos”. Têm três, e quando decidiram ir para fora ainda eram crianças muito pequenas. A mais nova de apenas meses, o do meio dois “aninhos” e a “mais velha” com seis anos. Todos naturais de Vila Real, Trás-os-Montes. Os filhos ficaram a cargo de familiares em Portugal, para que os pais pudessem “ganhar o pão”. O sonho de ter uma vida melhor, uma casa maior e confortável “ajudou”, e impulsionou este casal, como muitos outros, na década de sessenta em busca de uma vida melhor. Não era o sonho dourado, mas o sonho de quem queria ver mais comodidade dentro de portas e criar condições para que os filhos fossem para as universidades, e trocassem a enxada pelos livros, o rego das culturas pelos regos das linhas, que um dia seriam escritas num documento importante.
Permaneceram emigrados oito anos. O Sr. Francisco primeiramente foi para França com um contrato de trabalho na construção civil, mas não gostou de lá estar, regressou a Portugal e entretanto consegue outro contrato, na mesma área, mas desta vez o destino era a Alemanha.Terminado o contrato foi trabalhar para uma fábrica de químicos, nas cargas e descargas, com empilhadoras. Trabalhava em média 8 horas por dia, mas sempre que havia oportunidade de fazer horas extra, não se fazia de rogado, e 12 horas era o tempo passado na fábrica. Os fins de semana, também as faziam com alguma frequência, e nem os domingos e feriados escapavam, pois todo o dinheiro era bem-vindo.
“Tínhamos uma vida de trabalho casa, nunca saímos, não íamos ao café gastar dinheiro”, pois todo o era necessário para “amealhar” e poderem regressar a Portugal junto dos filhos. “Era esse o nosso objetivo, trabalhar o máximo que pudéssemos e regressar à terra o quanto antes. “Ainda pensámos em levar os filhos”, mas não havia escola portuguesa onde viviam, e a mais “velhinha” já “andava na escola em Portugal(…)”. “A vida de emigrante é muito complicada, principalmente quando se deixa filhos para trás! O coração de uma mãe está sempre na mão!”, desabafam os dois cabisbaixos, a relembrar esses momentos passados.
Até que não deu mais para adiar, e em 1979 regressaram de vez para Portugal. “Os filhos estão bem, graças a Deus, e nós cá estamos, a descansar na reforma.”
