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O Jornal Comunidades entrou em contacto com todos os grupos parlamentares, Eurodeputados no Parlamento Europeu, para darem o seu parecer sobre a questão da emigração, se é um tema que está em cima da mesa, e era debatido no Parlamento Europeu. Apenas um Eurodeputado, até à hora, acedeu ser entrevistado, o Eurodeputado José Manuel Fernandes do PSD. Foram abrangidas vários assuntos em torno da emigração portuguesa, e algumas farpas ao Governo atual, nomeadamente aos fundos que são atribuídos aos Estados-Membros mais pobres para reterem os seus cidadãos.
“Os cidadãos de um estado-membro, para além da cidadania desse estado-membro, também são cidadãos europeus”. Começa assim o Eurodeputado. Têm dupla cidadania, o que acarreta direitos civis, liberdade de expressão, pensamento, propriedade, direitos de participação em termos políticos. Nomeadamente em termos autárquicos, direitos sociais, decorrendo daquilo que é a liberdade de circulação, a liberdade de capitais, o direito de trabalho noutro estado-membro, uma integração que tem sido cada vez mais forte, nomeadamente dos cuidados de saúde. O emigrante de hoje, não é o mesmo emigrante antes da nossa adesão à União Europeia, a então referida Comunidade Europeia em 1986.
“Eu fui emigrante em França. E sei bem como eramos tratados, eramos imigrantes no país onde estávamos emigrados, e quando se regressava de férias ao país de origem era-se tratado como emigrante, eramos tratados de emigrantes nos dois sítios.”
Os emigrantes de antes da União Europeia existir já não tem o mesmo peso que tem hoje, fruto da integração Europeia, ao ser-me membro de um estado membro é-se automticamente cidadão europeu, tem-se automáticamente dupla cidadania. Há hoje um conjunto de direitos que antes não existiam, “o que se espera é que a conquista Schengen, e esta liberdade de circulação se mantenha internamente, porque ela é ameaçada, e temos tido grandes ganhos até do ponto de vista económico, com a integração.
Continuamos a ser chamados de emigrantes porque a cidadania de qualquer estado membro continua a existir. Porque a cidadania de qualquer estado-membro continua a existir”
Um europeudeputado é um “emigrante de luxo”
“No meu caso tenho a possibilidade de ir a casa todos os fins de semana, é uma situação completamente diferente da generalidade dos emigrantes, mas também é verdade, que hoje há muita gente a ir a Portugal mensalmente. As companhias de aviação de baixo custo permite viagens regulares ao país.”
Os Eurodeputados “vamos todos os fins de semana a Portugal, mas não vamos a passeio, também é desgastante ir todos os fins de semana, fazer duas viagens, também desgasta, e nós também, isto é no meu caso”. Mas temos obrigações nacionais, e regionais. Eu tenho uma marca registada “Pela Nossa Terra”, na qual todos os fins de semana faço ações de proximidade com as pessoas. Tenho um programa na rádio, todas as semanas.
“Somos eleitos pelos portugueses, estamos no Parlamento Europeu, temos o dever de proximidade e de estarmos com eles em permanência, é um desgaste brutal, mas é possível e desejável. Se nos compararmos a vários níveis com outros emigrantes, a nossa situação é completamente diferente.”
A emigração dos anos 50/60
“O meu pai foi emigrante, estive até aos nove anos em França, o meu pai foi “a salto” para França. Conhece bem tudo aquilo que eles passaram, era um trabalho de braços, mal sabiam falar português, e muitos deles foram obrigados a falar francês, contribuierem para a riqueza de Portugal, e uma série deles são empresários de sucesso. Gente da quarta classe, outros sem a quarta classe, que foram e são empresários de grande sucesso.
Isto “para referir que Portugal nem sempre valoriza os seus” e dá-lhe oportunidade. “Há uma coisa que me entristece é que o fato dos portugueses, aparentemente serem melhores for a de Portugal do que em Portugal. Porque em Portugal nem sempre são valorizados. Nem sempre são reconhcidos, nem sempre têm as oportunidades que têm fora, e muitas vezes o mérito conta como devia contar. “Fica esta minha homenagem aos emigrantes ainda que eu a sinta de um modo um pouco diferente”, porque, e como referiu, eu esteve até aos nove anos em França, em Trappes.
Hoje continuamos a assistir a jovens altamente qualificados, o país investiu neles, precisamos da sua mão-de-obra, precisamos do seu talento e “eles estão a sair”.
E estão a sair porquê? Estão a sair porque os salários são miseráveis, as carreiras são quase fixas e dizem: “Vamos ganhar isto até ao fim da minha vida!”, Não há hipóteses de muita progressão, e por isso saem à procura de melhores oportunidades. O drama é quando saem e não regressam. “Nós já temos um problema da natalidade que é muito baixa, e associada a uma maior longevidade, o que é positivo, “mas ficamos com uma média de idades que está sempre a subir”. Precisamos de juventude, perdermos essa juventude é um drama, que vamos pagar tarde. “Mas isto é culpa dos sucessivos governos que temos”. Não modernizam o país, no sentido de o tornar menos burocratra, no sentido do país defender e propiciar o empreendedorismo, porque os nosso portugueses fora, e são muitos, são altamenete empreendedores”. E o empreendedorismo é essencial, nós “não podemos ter medo das palavras competitividade, produtividade”. E essas palavras são essenciais para criarmos riqueza, para termos todos melhores salários, para darmos condições aos jovens.
“Como se pode atrair um jovem com um salário baixíssimo e vê que a renda está ao preço de Bruxelas”?
O custo da habitação está “enormíssimo face aos salários que têm”. Antes tinhamos muitos enfermeiros a sairem e agora temos muitos médicos a sairem. Não só pelos salários, mas pela questão da valorização da carreira.
E não nos podemos esquecer da carga fiscal, temos uma das cargas fiscais do rendimento, temos 41,9% do rendimento é carga fiscal. Aliado a isto tudo as pessoas olham pagam impostos, olham para o sistema do Serviço Nacional de Saúde e está caótico, um sistema nacional de educação que não funciona, é evidente esta tendência esta emigração.
Se fosse uma emigração de seis meses, um ano, em que acumulava conhecimento em que acumulava conhecimento e retornava ao país com mais conhecimento, isso seria positivo, e enriquecedor, o problema é que é uma emigração onde se fixam e não voltam, “isso é dramático”. O país investe, e bem, na educação e depois não consegue reter o talento, “não consegue reter a mão de obra que tanto precisa”.
O país precisa de um “abanão”
Portugal tem uma tempestade de milhões que não usa da melhor maneira, “vai usando para tapar buracos”. Temos um país que “precisa de um abanão que precisa de retenção de talento”, em termos de uma ideologia que não se “pode só valorizar o Estado e penalizar a iniciativa privada, penalizar quem investe, porque depois as pessoas saem, os investidores também saem, as pessoas vão para outros Estados-Membros.”
Temos uma vantagem na Europe, é que tudo está perto, tudo está a duas horas. As pessoas que estão nos Estados Unidos ou no Brasil, dizem, quando estão na Europa que tudo está perto. “E desse ponto de vista é uma emigração diferente”.
Também não podemos esquecer que os jovens saem mais tarde da casa dos pais, são dados que se demosntram, e é óbvio que depois muitos emigram. Temos estes fatos que temos de contrariar. E que não estamos a fazer.
Os emigrantes na altura em que o pai era emigrante em França, era visto pelos franceses altamente sério e trabalhador e competente, ainda hoje os portugueses mantêm essa imagem.
Hoje a “mobilidade é mais forte, e os portugueses são sempre bem acolhidos”. No Parlamento Europeu falamos, mas não é um tema muito recorrente emigração, porque não e um tema tão forte como a “imigração irregular”. A coesão social territorial, a União Europeia não vai regular os movimentos dentro da União Europeia.
Estamos a ser ultrapassados pelos países que entraram há pouco tempo na União Europeia, isso é um problema que temos que enfrentar.