Da esquerda João Caixinha, o Ministro da Educação João Costa e a Embaixadora de Portugal Junto das Nações Unidas, Ana Paula Zacarias.
(Continuação)
O Jornal Comunidades esteve à conversa com João Caixinha, Coordenador dos Programas de Língua Portuguesa e Assuntos Educacionais nos Estados Unidos da América. E revelou-nos como a língua portuguesa se tem destacado naquele país, tendo já cerca de 20 mil alunos a aprender português no ensino básico e secundário, e outros 10 mil alunos nas Universidades Americanas.
O Exame NEWL (National Examinations in World Languages) de Português nos EUA
Muita foi a transformação do ensino de português nos Estados Unidos, um assunto muito valorizado pelo Governo Português e pelo Governo Americano, foi o desenvolvimento do exame de Português NEWL (National Examinations in World Languages), a nível nacional nos EUA. É um exame reconhecido pelo programa de Advance Placement (AP) do College Board,para alunos do ensino secundário, e teve lugar pela primeira vez em 2017, desde essa data que os números de inscritos nesse exame têm aumentado substancialmente. Este ano temos cerca de 400 alunos que realizaram o exame a nível nacional. OS NEWL oferecem cerca de quatro línguas, onde está o Português, e isso vai proporcionar que muitos alunos continuem a prosseguir os estudos em Língua Portuguesa nas Universidades Americanas. Que se consubstancia em créditos quando entrarem nas Universidades, e também para poderem ter a equivalência no nível de proficiência quando já estão na universidade. Com o reconhecimento do nível, esse exame pode ser realizado a partir do 9º ano até ao 12º ano, para usufruírem de créditos para a entrada nas Universidades. Até 2017 não havia exame nenhum, através do nosso apoio, do Camões, I.P., da FLAD, da CEPE-EUA, e mesmo ao nível da rede diplomática e consular, “conseguimos esta grande conquista, que foi o reconhecimento, valorização e certificação da língua Portuguesa nos EUA, através deste exame que confere créditos de acesso ao ensino superior”.
O Camões, I.P. e a FLAD dão bolsas a todos os anos alunos lusodescendentes que se candidatarem ao exame, pois é uma forma de incentivar as nossas comunidades educativas a valorizarem a aprendizagem da nossa língua, que é uma ferramenta valiosa para o futuro dos jovens. Estamos a falar em concreto de 8 mil euros, que cobrem mais ou menos cem bolsas todos os anos, para alunos lusodescendentes do ensino secundário. A American Councils for International Education é a entidade que promove este exame, e que lhes confere a atribuição das bolsas, em articulação com a CEPE-EUA.
Todo este trabalho é acompanhado pela coordenação de ensino, e temos cada vez mais escolas públicas e privadas a abrirem centros de exame do NEWL para poderem promover o exame, “e isto foi uma grande conquista”. Em 2023, cerca de 400 alunos realizaram o exame a nível nacional e já somos a Leading Language dos exames NEWL da American Councils.
Diria que há dois factos muito importantes, uma é a nossa rede apoiada aqui nos Estados Unidos que cresceu quase 100%, na última década. Passámos de 10 mil para 20 mil alunos. São dados que recolhemos das escolas com as quais a coordenação trabalha mais afincadamente. O outro facto foi a implementação do Exame de Português NEWL nos EUA.
Temos apoiado com a oferta de manuais escolares, formação de professores e divulgação de autores portugueses, tal como outras iniciativas ligadas à cultura portuguesa, como festivais de cinema, conferências, palestras e périplos com escritores de literatura infantojuvenil para promoverem a leitura e as obras em Português, atividades bastante apreciadas pelas escolas. Temos feito muito trabalho de divulgação e promoção da língua Portuguesa nestas duas modalidades, no ensino integrado na rede pública e também na rede de ensino na Diáspora, ou seja, no ensino paralelo (extracurricular).
Português como uma das Línguas oficiais das Nações Unidas
Existe essa vontade, mas até à data ainda não se concretizou, mas há um feito que queria relatar que é o facto do Camões, I.P./Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal ter conseguido introduzir a Língua Portuguesa na Escola Internacional das Nações Unidas (UNIS), na componente extra-curricular. É uma escola frequentada essencialmente por alunos que são filhos dos funcionários das Nações Unidas. Celebramos este acordo através de um protocolo de cooperação, com comum entendimento, entre o Camões, I.P., o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e a referida Escola das Nações Unidas. Neste momento existem dois professores a ensinar o idioma, trabalhando em parceria ao abrigo desse protocolo, que já é bastante expressivo no seio da instituição, no entanto a língua Portuguesa tornar-se uma língua de trabalho dentro da própria organização é um assunto que presumo esteja pensado e analisado, mas teria implicações a nível financeiro avultadas para a organização.
Alguns países africanos, são uma realidade que conheço bem, pois trabalhei lá vários anos como docente do ensino básico e secundário, e também em universidades. Inicialmente estive num projeto de ensino da Língua Portuguesa e de Formação de Professores no Zimbabué (em Bulawayo e em Harare) e mais tarde na África do Sul (na Cidade do Cabo) e sei que tem havido um esforço enorme por parte do Camões, I.P. no sentido de promover o nosso idioma nestes países. Em 2050, segundo o Camões, I.P., serão já 380 milhões de falantes de Português em todo o mundo, sobretudo no Brasil e em África, nos países onde o nosso idioma é língua oficial, como Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Guiné Equatorial, pois é no hemisfério Sul, e sobretudo em África onde a Língua Portuguesa crescerá mais.”