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Segunda-feira - 14 Outubro 2024

Since 1887: Claus Porto mais do que uma empresa de cosmética

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Fizemos uma visita ao museu/loja da Claus Porto, acompanhada pela Marta Marcelo, Diretora de Comunicação, onde nos foi contada, em detalhe, a história desta marca que já conta desde 1887, um manancial de histórias da marca, que se confunde com a história da família. É um regresso ao século XIX. Bem como um cheirinho de vivências que o seu Administrador e Dono Aquiles de Brito da Ach.Brito & CA, S.A, nos conta em exclusivo.

No museu podemos encontrar todo o tipo de objetos, desde o laboratório, os moldes, até ao produto final. A marca passou por duas Guerras Mundiais, pela Guerra Civil espanhola, pela gripe Espanhola, pela pandemia do Covid-19, e atualmente pela Guerra da Ucrânia. São muitos os contratempos que a sua história transporta até aos dias de hoje.

Ainda temos no nariz o cheiro que daqueles armários nos leva a sítios muito particulares.

A história da Claus Porto conta-se a partir de 1887, quando Ferdinand Claus um comerciante alemão que veio para o Porto, para se tornar importador e Georges Philipp Schweder, um químico, também de origem alemã, que veio para Portugal trabalhar como analista, fundaram a Fábrica Claus & Schweder. Ferdinad Claus conhecia muito bem o mercado português, e as suas necessidades e sabia também que quer os sabonetes, quer os produtos de perfumaria consumidos em Portugal, nesta época vinham do estrangeiro, sendo o seu consumo muito baixo, tendo em conta a população existente.

A Claus na cidade do Porto

O Porto, uma cidade com um forte desenvolvimento comercial, oferecia ainda a possibilidade de alargar o mercado através de uma aposta na exportação destes produtos.

Nestes 136 anos houve períodos muito conturbados e por isso é que a “nossa história é de sobrevivência e de superação”.

É em 1903, no ano em que Georges Schweder sai da empresa por motivos de saúde, que Achilles de Brito, com apenas 24 anos, entra para a Claus & Schweder como guarda-livros. Após 5 anos, em 1908 torna-se acionista da empresa assumindo formalmente o cargo de diretor, em conjunto com Ferdinand Claus e o químico e perfumista Willy Thessen. A empresa recebe o nome de Claus & Schweder, Sucessores.

Desde então a família esteve sempre ligada à empresa, tendo esta passado por inúmeros períodos atribulados da história do país e do mundo.

Em 1917, decorrente do processo de nacionalização de bens e propriedades pertencentes a cidadãos estrangeiros, oriundos do país com o qual Portugal estava em guerra – a Alemanha –, a empresa e a marca Claus & Schweder, passam por uma série de mudanças de propriedade, tornando-se primeiro a ‘Companhia Portugueza de Perfumaria’, e fundindo-se posteriormente em 1919 com a ‘Companhia Industrial do Norte’.

Em 1918, independentemente das mudanças que afetara a Claus & Schweder, Achilles de Brito funda, juntamente com o seu irmão Affonso de Brito a Ach.Brito, uma marca que rapidamente captou a atenção dos consumidores portugueses graças às suas fórmulas inovadoras e extrema qualidade.

Aquisição da Claus Porto

Em 1924, o grupo Ach.Brito adquire os ativos da antiga Claus & Schweder e todos os seus bens e equipamentos, regressando assim à mão de Achilles de Brito a marca Claus & Schweder. Este momento dita também a transformação da marca Claus & Schweder em Claus Porto.

Seguem-se muitas mais histórias, cheias de reviravoltas e imprevistos, mas hoje é com muito orgulho que “volto a assumir a administração desta empresa que fez parte da vida dos meus antepassados, que foi por eles construída e tanto significado tem não só para a minha família como para muitos dos que têm acompanhado este percurso, em Portugal e além-fronteiras”, refere Aquiles de Brito.

No ano de 2022, as exportações representaram cerca de 50% do nosso volume total de vendas. Os outros 50% foram faturados em território nacional, sendo as nossas lojas próprias e website fundamentais para a obtenção destes resultados.

O mercado Norte-Americano e Asiático

Os mercados que mais consomem os nossos produtos são a América do Norte (2/5), a Europa (2/5) e a Ásia (1/5). Neste momento é possível encontrar a nossa marca em mais de 30 países.

As vendas começaram positivamente a recuperar no segundo semestre de 2021, nos mercados Norte americanos e Europeus, e em 2022 nos mercados asiáticos. Contudo, as alterações globais causadas pela guerra no Leste da Europa e as suas consequências – o aumento da taxa de juros, os sucessivos aumentos nos combustíveis e a inflação. Levaram a que na segunda metade de 2022 e início de 2023 o mercado europeu tenha desacelerado, mantendo-se o ímpeto de crescimento nos mercados norte-americano e asiático. Ao mesmo tempo, “as nossas lojas próprias têm tido um crescimento substancial, muito fruto do regresso do turismo”.

Os danos provocados pela pandemia foram extensos, sendo os maiores deles o encerramento da nossa loja própria em Nova Iorque, em 2020, e uma quebra de cerca de 50% do nosso volume total de vendas.

“Somos uma marca com 136 anos, mas estamos sempre de olhos postos no futuro. E sobre ele, preferimos deixar esta questão em aberto, partilhando apenas que estamos certos de que o futuro irá trazer muito boas novidades”.

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