Licenciado pela faculdade de Economia do Porto, em 2012, e em plena crise com a Troika em Portugal, a sua geração foi obrigada a procurar melhores oportunidades no início de carreira. Tiago Soares teve um convite para ir para Moçambique, para uma empresa portuguesa de construção. Essa foi a forma que encontrou de conseguir arranjar a sua carreira multidimensional e com experiência internacional. E depois de Moçambique só agora se estabeleceu…
Esteve em Moçambique seis anos, desempenhou funções dentro da contabilidade, e do controlling financeiro, até ser Diretor Financeiro em duas experiências diferentes ainda em Moçambique. Seguiu a sua carreira numa outra cidade em Moçambique (Beira), mas fora do espectro de empresas portuguesas, mais nas empresas Internacionais.
No ano de 2018 “a minha namorada na altura, atualmente esposa, recebeu uma proposta de emprego para exercer Medicina Dentária na Holanda, e esse era o nosso plano desde sempre, e foi assim que fomos para a Holanda. Não foi uma ligação direta, terminei a minha experiência em Moçambique e recomecei a minha carreira na Holanda.”
Na Holanda teve várias experiências várias, até trabalhou para o Grupo do Aeroporto Internacional de Amesterdão, o Royal Schiphol Group, no departamento financeiro do mesmo.
Atualmente está numa empresa multinacional de comércio de aços, a ArcelorMittal Projects e tem ligação com os mercados Africanos, novamente, neste caso com a Nigéria e África do Sul, mas possivelmente de volta com Moçambique.
É Técnico de controlo de gestão, trabalha na área financeira, onde cobre áreas como: o reporte financeiro, análise de risco, forecasting, entre outros. Ao nível da supervisão, e de controlo de outras unidades locais, e neste caso das Unidades de negócio Africanas, já não tanto numa fase de contabilidade, mas ao nível da tomada de decisão. Trabalha neste novo projeto há seis meses.
Voltando um pouco a história para trás, quando “viemos para a Holanda tivemos opção de escolha de cidade para vivermos, e escolhemos Roterdão. Porque é uma cidade muito diferente das cidades Holandesas, completamente voltada para o lado Internacional, muito direcionada para a logística e para os transportes, e como eu já vinha dessa área, era uma boa aposta na minha carreira ao mesmo tempo. A Holanda em particular, é um país em em que o balanço entre o trabalho e a vida pessoal é muito bom.” explica Tiago Soares.
O tempo que sobra “para as nossas questões pessoais, e em termos de país, é um país bastante organizado, está muito ligado tanto aos países nórdicos, como à Alemanha, tem uma forma de organização muito similar, não tanto como a Bélgica (francesa), aí já se nota uma diferença maior, mas permite estabelecermos planos a longo prazos, e sobretudo a nível de carreira, oferece muitas oportunidades. A parte mais difícil é a língua, que é o grande filtro natural que acontece. É importante aprender a língua, e é algo que ainda estou a trabalhar, e que faz falta, mas estou extremamente satisfeito.”
O Regresso a Portugal
Já constituíram família e estão muito contentes com tudo. Já conseguiram comprar casa, na Holanda, o que torna muito diferente em Portugal. “E para a nossa geração. Tenho 35 anos, a minha geração em Portugal está agora entre a primeira casa e o primeiro filho, e nós já concretizamos isso há dois anos atrás. Em pleno Covid conseguimos comprar a nossa casa, e constituir família.”
Está há 12 anos fora de Portugal, e a questão de regressar ao país, pensa que qualquer português já ponderou voltar, quando vai voltar, ou quando pensa voltar, a curto prazo não, mas a longo prazo sim.
O fato de serem um casal português ajuda, sobretudo na carreira de dentista, o mercado dentário na Holanda é um outro planeta. “Não há comparação”. A forma como está organizada não se compara a Portugal. No setor da saúde trabalha-se muito menos do que em Portugal e ganha-se muito mais, “não há comparação.” Reforça. O ganho é a multiplicar, em remuneração e em tempo de horas é uma diminuição muito significativa.
Na carreira dentária, em Portugal há um excesso de dentistas para a dimensão do país, “só para dar um exemplo”, uma escola de Medicina Dentária em Portugal consegue produzir o que a Holanda produz num ano. A Holanda licencia 260 dentistas novos por ano, entre as quatro universidades que há na Holanda.
“Na minha área também há muita procura, sobretudo para estas posições financeiras,” cada vez mais são colocações internacionais, o mercado Holandês, é muito forte, mas as empresas já se estão a debater com a falta de mão de obra especializada também na área financeira. Vão cada vez mais à procura de posições internacionais, e as empresas internamente vão-se traduzindo para Inglês nos seus procedimentos e nos seu processos internos. Doutra forma veem-se com problemas de contratação.
Os Holandeses de uma maneira geral têm uma boa impressão dos portugueses seja em profissões mais ou menos qualificadas. A opinião é a mesma, “somos tidos como um povo trabalhador, o Holandês, conhece Portugal pela parte do turismo, e não há dia em que não nos perguntem: Com um tempo tão bom em Portugal, porque é que vieram para a Holanda? A minha esposa recebe esta pergunta quase dia sim dia não.”
Os Holandeses não sabem muito bem o que foi a crise e a Troika, desconhecem essa realidade. “Somos uma comunidade muito bem integrada”, já houve tempos piores, com problemas de escravatura moderna na construção civil. Hoje há alguns problemas com trabalhos temporárias na Holanda, mas a comunidade portuguesa está muito bem integrada e está a caminhar a passos largos, para uma maioria de trabalhador qualificado. “Poderemos estar a assistir ao primeiro caso de uma comunidade portuguesa numa parte do mundo com quadro maioritariamente muito qualificado.”