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Sexta-feira - 18 Julho 2025

EXCLUSIVO: Uma gala para as pessoas com deficiências complexas

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Para a comunidade lusófona de Toronto, o mês de Março começou logo com um evento: a gala anual da Luso Canadian Charitable Society. No total, 1200 pessoas encontraram-se no Sábado 1 de Março no Pearson Convention Center para apoiar esta associação que ajuda ao quotidiano as pessoas com deficiências complexas e suas famílias.

“Esta noite temos muito que agradecer. Quero começar por agradecer à comunidade que ajuda as famílias da Luso a ter uma vida melhor, às famílias e pessoas que tomam conta das pessoas com deficiências e também aos nossos utentes que enchem as nossas vidas de felicidade”, anuncia ao micro o presidente da Luso, o Jack Prazeres, em cima do palco.

Em frente à sala cheia que já teve a possibilidade de petiscar durante o aperitivo, o presidente relembra a missão da sua associação e o quão importante são os patrocínios para manter as portas abertas. “A nossa missão enquanto apoio às pessoas mais vulneráveis continua e, por essa razão, precisamos da vossa ajuda constante. Nunca poderíamos ter feito o que fizemos até agora sem a vossa ajuda e por isso muito obrigado”, acrescenta. Pois, o evento tem duas funções: conseguir donativos para manter as portas abertas e angariar fundos para o novo projeto de prédio residencial em Hamilton (ver artigo do 15 de Novembro 2024).

Ao lado da sala principal onde os discursos, a animação e o jantar acontecem, há uma sala com vários objetos como quadros, sacos de marca, objetos decorativos ou cestas com produtos portugueses. “A sala de leilão está aberta durante todo o evento. Os convidados podem dar uma volta por lá e, se virem algo que os interessar, podem escrever o montante que querem dar e se ninguém der mais podem recebê-lo. Todo o dinheiro que conseguirmos graças as vendas na sala de feira será para o projeto do prédio residencial em Hamilton”, explica a Cristina Marques, a responsável deste projeto.

E se graças ao leilão, aos donativos, a venda de rifas, etc a Luso Canadian Charitable Society conseguiu um pouco mais de 600’000 dólares, a associação também anunciou durante o evento ter recebido 2.7 milhões de dólares da parte do governo federal. Um montante que a organização tinha pedido há algum tempo e que recebeu graças ao apoio de vários deputados luso-canadianos. “Isso diz bem da relevância do evento”, comenta a Cônsul-geral, a Ana Luísa Riquito, que também fez um discurso ao início da gala.

“Quando cheguei a Toronto há um ano, a Luso Canadian Charitable Society foi logo uma das primeiras instituições ligadas à comunidade portuguesa que visitei. Porque realmente têm um mérito especial. É uma instituição que apoia as pessoas com deficiências ao longo de toda a vida. Aqui no Ontario, há algumas infraestruturas de apoio a essas pessoas mas em geral durante o período em que são crianças e adolescentes. É uma enorme preocupação para as famílias o que se passa depois desse período. E a Luso tem essa função social e afetiva. Temos muito orgulho nesta instituição tão útil e o Consulado sempre cultivou uma relação de proximidade à Luso”, conta.

Segundo a Cristina Marques, “as pessoas gostam muito de vir a este evento. Gostam tanto que, de um ano para o outro, temos mesas vendidas porque o ambiente é fantástico. Este ano temos a participação de um grupo musical que canta e imita músicos como o Rob Steward, David Bowie, Mick Jagger, etc”. Mas um evento desta relevância e com tantos convidados precisa de se organizar com muita antecedência. “Praticamente daqui a um mês, já estou a ligar para as pessoas que tratam do centro para dizer qual será a data da gala para 2026”, explica a rir.

“A equipa e os voluntários que trabalharam para fazer com que este evento aconteça são espetaculares e numerosos. O conselho de administração também apoiou-nos muito e ajudou também a fazer com que este dia seja possível”, adiciona. Para a Cristina Marques, se a gala dá bastante trabalho, ela tem muito prazer e não sente o cansaço porque sabe que este evento é para os utentes.

E se nem todos os utentes estão presentes durante este evento porque o centro encontra-se fora da cidade de Toronto, alguns juntaram-se aos patrocinadores, políticos e outros dadores da instituição. Aliás, um dos pais subiu ao palco para contar a história da sua família e o apoio que recebeu através da organização luso-canadiana. “É um momento muito emocionante. O ano passado, a senhora que fez o discurso principal deixou o salão praticamente todo a chorar”, descreve a Cristina com os olhos a brilhar.

Além disso, nas mesas, encontram-se uns pequenos quadros em frente aos pratos de cada convidado: umas imagens que evocam a presença dos utentes. “Inicialmente são cinco quadros maiores que copiamos e reduzimos para pôr nas mesas como lembrança para os nossos convidados. As pinturas representam várias paisagens como uma praia portuguesa, a torre de Belém, um campo alentejano ou também o palácio de Sintra. Isto também demonstra que os nossos utentes têm valor. E essa é a nossa mensagem principal: não é por eles terem deficiências que não têm um papel importante na nossa sociedade”, conclui a Cristina um sorriso nos lábios.

Andreia Saraiva / Correspondente em Toronto (Canadá)
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