Paulo Pisco, Deputado e responsável pela pasta da Emigração na Diáspora, revelou ao Jornal Comunidades qual é o seu papel nas Comunidades Portuguesas espalhadas por todo o mundo. “Vou todos os fins de semana a uma comunidade portuguesa para estar perto dos nossos emigrantes e sentir as suas necessidades.”
“A representação dos portugueses residentes no estrangeiro tem essencialmente duas dimensões”, anuncia Paulo Pisco. Tem uma dimensão interna no Parlamento Português, e também na sociedade portuguesa, para acompanhar todas as políticas públicas que são desenvolvidas no interesse das nossas comunidades. E também, fazer propostas na Assembleia da República que “vão ao encontro das suas necessidades e das suas expectativas”.
“Para que eu tenha conhecimento dessas necessidades e expectativas, obviamente que tenho que ter uma relação de proximidade, é isso que eu procuro fazer, porque todos os fins de semana saio ao encontro das nossas comunidades, mantendo uma relação de proximidade com eles”. Participando das suas iniciativas, num movimento associativo, sempre que há, colóquios, discussões, festividades. Procurando estar sempre com os compatriotas, e ouvi-los, “a minha abertura e a minha disponibilidade para os ouvir é completa e é total, e uma das coisas que eu faço em permanência, é ouvir o que é que os portugueses têm a dizer”.
Sobre a sua relação com Portugal, sobre os atendimentos nos Consulados, sobre o ensino português no estrangeiro, sobre questões de natureza cultural, sobre o associativismo, ou sobre qualquer outro tipo de questões que sejam relevantes para as nossas comunidades, por exemplo a nível fiscal, são coisas que surgem de vez em quando.
“Aquilo que eu faço na Assembleia da República, decorre muito daquilo que eu transporto para a Assembleia da República, por ouvir os portugueses que estão fora. Portanto, é minha missão enquanto representante dos portugueses residentes no estrangeiro, na diáspora portuguesa, ter este duplo sentido, por um lado manter uma relação de proximidade, de ver quais são as necessidades que os portugueses têm, e intervir sempre que necessário na Assembleia da República, e junto do governo, e por outro lado na Assembleia da República fazer todas as diligências para defender as nossas comunidades residentes no estrangeiro”.
Um Consulado para Andorra
Essa sempre foi uma “questão que tenho defendido, tenho um bom conhecimento da Comunidade Portuguesa em Andorra, tenho uma relação de proximidade com eles, e tenho estado com ele nessa reivindicação de uma necessidade de terem uma Representação Consular, acima do Consulado Honorário, que dignifique a comunidade portuguesa em Andorra que é segunda mais importante, a seguir à Espanhola”.
E desde que em 2011, 2012, creio “que foi encerrado a embaixada e a secção consular, que eu me opus nessa altura que isso aconteceu. Foi durante os governos de outro partido político, que eu sempre defendi que pudesse abrir uma representação consular mais digna e mais representativa da nossa comunidade”.
O governo entretanto decidiu, e bem, e eu também dei o meu contributo nesse sentido, e estão a criar um Consulado-Geral de Portugal em Andorra, e à partida estou convencido, estava para ser até ao final desta sessão legislativa, até ao verão, provavelmente já não vai ser, “mas estou convencido que até ao final do ano, o novo Consulado-Geral de Portugal em Andorra vai estar instalado”.
Estar permanentemente disponível para ouvir as comunidades, é isso “que eu levo na bagagem, e agir em sua defesa, mais do que levar esperanças, é “empenhar-me naquilo que eles me pedem para que aqui em Portugal seja feito, a nível do Governo e da Assembleia da República”. Vai sempre pronto para ouvir as comunidades, e para agir em sua defesa, e isso “que eu que eu faço, mais do que levar esperanças é eu empenhar-me naquilo que eles me pedem para que em Portugal seja feito”. A nível do governo, muito particularmente, e ao nível da Assembleia da República, mas ao nível do governo, que é o órgão executivo, “procuro dar quanto possível seguimento às expectativas e aos pedidos que me são feitos.”
Pastel de Nata
O Pastel de Nata está em todo o mundo, e se formos ao Canadá ou aos Estados Unidos, ou até à China, ou a qualquer país na Europa, ou no Reino Unido, o pastel de nata, existe mais cada vez mais em todo o lado.
O pastel de natal é um bolo português, é uma das nossas marcas que fazem reconhecer Portugal, é o pastel de nata que está difundido em todo o lado, em muitas partes do mundo, inclusivamente “posso dar o exemplo no bairro português, ou na Alemanha, em Hamburgo, onde existe um bairro português muito importante. O pastel de nata e o galão, já se tornaram um hábito não apenas dos cafés e pastelarias portuguesas, mas também dos cafés alemães. Portanto é bom que o mundo se aproprie, daquilo que nós temos importante, obviamente nós identificamo-lo como nosso.”
A comunidade portuguesa mais qualificada no estrangeiro
Há um mito em torno da saída dos portugueses qualificados. Saem tantos portugueses com mais qualificações, como saem portugueses que não têm o mesmo nível de qualificação superior.
A verdade é que da mesma maneira que saem, há muitos que regressam. Se formos ver a estatísticas, do Programa Regressar, vê-se que nos últimos anos os que regressaram, cerca de metade, os portugueses que saíram nos últimos anos, e cerca de metade têm qualificações superiores.
Aqueles que saem com qualificações superiores, saem sobretudo para a Europa, e saem numa percentagem mais ou menos idêntica àqueles que ao volume global daqueles que sempre saíram. Aquilo que é importante reter é que se verificarmos os dados do observatório da emigração e estatísticas de saída, desde 2015, o número de saídas de portugueses com intenção de ficarem fora do país mais de um ano, que é a emigração permanente, ou aqueles que têm a intenção de ficar menos de um ano, que é a emigração temporária, tem diminuído desde 2015.
Há uma parte de pessoas qualificadas que saem, mas também há uma pequena parte que regressa e muitas vezes aqueles que saem, porque podem ter oportunidades, porque há uma mobilidade maior das pessoas que têm formação superior, e têm essa capacidade até para identificar oportunidades, em alguns casos em laboratórios ou em grandes empresas e isso obviamente compreendendo a mobilidade que existe hoje muito particularmente na Europa, “julgo que não é algo que nos faça alarmar, embora, que nós tenhamos de ter sempre em atenção que tratando-se de uma emigração por falta de oportunidades então aí deve-nos preocupar.”
A mensagem que daria aos Portugueses no estrangeiro
Portugal é um país que se preocupa e que pensa nos portugueses e que vivem fora de Portugal, e que “procuramos através de políticas públicas, e de responder às suas necessidades e às suas expectativas, a nível cultural, ensino, dos consulares, do movimento associativo, com programas muito específicos de vários níveis, programas para o investimento como o PNAID”. Como o Programa Regressar e que na Assembleia da República “temos tido sempre uma atividade muito importante, em que os portugueses estão sempre presentes, esta ligação que os portugueses residentes no estrangeiro, devem mantê-la.” Devemos fazer com “que de facto se mantenha, e que acreditem sempre em Portugal como um grande país que é, com uma grande história, com grande povo, com uma cultura que tem quase um milénio, e isso só nos pode orgulhar, que não nos deixemos de nos orgulhar do nosso país.”