© Unrwa – Uma criança procura os seus pertences num quarto que foi usado como abrigo temporário para pessoas desabrigadas.
Chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos participou num evento marcando o abrir das portas das salas de aula para os alunos na Jordânia; Escritório de Direitos Humanos lamenta morte de jornalista e pede segurança para profissionais.
Agência da ONU para Refugiados Palestinianos, Unrwa, lançou um programa para apoiar o retorno das crianças às salas de aula na Faixa de Gaza.
Para o comissário-geral da entidade, Phillipe Lazzarini, esse é o “primeiro passo num caminho muito mais longo se concentra em atividades que darão às crianças um refúgio dos horrores que continuam a viver”.
Trauma de 300 dias de guerra
Na sua rede social, reafirmou que as crianças em Gaza estão a passar por atrocidades “indescritíveis” e a viver o trauma de 300 dias de guerra, deslocamento, perda e dor.
Nesta quinta-feira, o chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinianos participou num evento marcando o abrir das portas das salas de aula para os alunos palestinianos na Jordânia.
Segundo Lazzarini, por meio de atividades desportivas e culturais, com a criação de espaço para reencontrar pessoas, os professores da Unrwa proporcionam “um raio de luz no meio à escuridão”.
Ele avalia que a iniciativa “é uma pequena contribuição para ajudar as crianças a se reconectarem com sua infância roubada”. Lazzarini adiciona que as crianças em Gaza merecem segurança.
Fim de confrontos
O chefe da Unrwa ainda reiterou o seu pedido por um cessar-fogo imediato para o bem de todas as crianças da região ecoando o apelo pelo fim de confrontos feito esta semana pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
Ao emitir um comunicado sobre os ataques na área de Golã, no sul de Beirute e em Teerã o chefe da ONU destacou que estes representam uma “escalada perigosa”.
Para ele, todos os esforços deveriam estar em conduzir um cessar-fogo em Gaza, libertar os reféns israelenses, aumentar a ajuda humanitária para os palestinianos no enclave e retomar a calma no Líbano e em toda a Linha Azul.
Ao ressaltar que vem sido solicitado “máxima moderação”, Guterres avalia que está “cada vez mais claro que a contenção, por si só, é insuficiente neste momento extremamente delicado”.
Comunidade internacional deve trabalhar em conjunto
O chefe da ONU pediu em comunicado que todos que “trabalhem vigorosamente para diminuir a escalada regional no interesse da paz e da estabilidade de longo prazo para todos”.
Guterres adicionou que a comunidade internacional deve trabalhar em conjunto para evitar urgentemente quaisquer ações que possam levar todo o Médio Oriente ao limite, com um impacto arrasador sobre os civis.
Segundo o secretário-geral, a maneira de fazer isso é promover uma ação diplomática abrangente para a redução da escalada regional.
86% sob ordens de evacuação
Os esforços da Unrwa para apoiar as crianças no enclave acontecem enquanto incursões terrestres e os combates pesados persistem, com 86% da Faixa de Gaza sob evacuação forçada, resultando em mais de 200 mil pessoas deslocadas internamente novamente apenas na última semana.
Segundo dados do Programa Mundial de Alimentos, PMA, a “zona segura” humanitária está sob repetidos ataques e evacuações, o que limita severamente as operações humanitárias e força o encerramento e a evacuação dos pontos de distribuição de alimentos e das cozinhas.
O PMA adiciona que o colapso da lei e da ordem continua a representar desafios para a entrega de ajuda em Gaza, especialmente na estrada de Karam Abu Salem/Kerem Shalom para o armazém da agência na área central, causando perda de mercadorias e incidentes violentos.
Essas condições, além dos danos à infraestrutura, atrasaram os envios. As recusas de missões de ajuda e os longos períodos de espera resultam em num acumular de caminhões e contentores nos portos, e o tempo prolongado de armazenamento pode causar a deterioração e a infestação dos alimentos.
Proteção aos jornalistas
Também nesta quinta-feira, o Escritório de Direitos Humanos da ONU reiterou os seus apelos às forças de defesa israelita para que minimizem o impacto das operações militares sobre os civis em Gaza e acabem com o assassinato de jornalistas.
Em 31 de julho, o correspondente da Al Jazeera Ismail Al Ghoual, de 27 anos, e o fotógrafo Rami Al-Rifi, de 26 anos, foram atingidos e mortos num ataque de drone da Força Aérea Israelita contra o seu carro na Aydia Street, perto do Complexo Médico Al Shifa, que também matou um menino palestiniano na sua bicicleta.
De acordo com as informações disponíveis, eles estavam a fazer uma reportagem sobre o assassinato de Ismail Haniyah perto de sua casa no Ash Shati’ Camp, a oeste da Cidade de Gaza, mas estavam a mudar-se depois de um prédio adjacente à casa de Ismail Haniyah, onde os jornalistas se reuniram para fazer a reportagem sobre o assassinato, foi atingido.
Assassinatos de jornalistas
De acordo com o Sindicato de Jornalistas em Gaza, os assassinatos de Al Ghoual e Rifi elevaram para 157 o número total de jornalistas mortos em Gaza desde 7 de outubro de 2023. A ONU levantou sérias preocupações semelhantes sobre os assassinatos de jornalistas no passado, no contexto da atual escalada em Gaza.
O Escritório de Direitos Humanos reforçou que os jornalistas são civis e, portanto, estão protegidos contra ataques de acordo com a lei humanitária internacional, a menos que estejam a participar diretamente das hostilidades, e que o assassinato intencional de jornalistas é um crime de guerra.