Em exclusivo ao Jornal Comunidades Lusófonas, no Web Summit, o Presidente da Câmara de Braga está muito satisfeito e orgulhoso com esta atribuição à sua cidade. Tem sido “um trabalho realizado há anos”, refere o Ricardo Rio. Braga tem tentado trazer a “inovação das políticas públicas em benefício dos seus cidadãos e do desenvolvimento do território”. Foi um dos primeiros concelhos a ter em Portugal uma agência de dinamização económica de base local. “Este prémio é o reconhecimento desse trabalho.”
O anúncio do vencedor foi esta quarta-feira (13 de novembro), pela Comissária Europeia para a Inovação, Iliana Ivanova, durante a cerimónia de entrega dos prémios, realizada na Web Summit, em Lisboa, Capital Europeia da Inovação de 2023. Na categoria “Capital Europeia da Inovação”, a cidade vencedora foi Turim. Em segundo e terceiro lugares ficaram, respetivamente, Linz (Áustria) e Oulu (Finlândia),
Segundo declarações ao Jornal Comunidades Lusófonas, o Presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, referiu que “em primeiro lugar, este é de facto um processo. Não é um momento, não foi uma única iniciativa que nós desenvolvemos.” Foram trabalhando ao longo dos últimos anos, tentando trazer a inovação das políticas públicas em benefício dos cidadãos e do desenvolvimento do território.
Braga foi dos primeiros concelhos a ter em Portugal uma agência de dinamização económica de base local. E um dos primeiros concelhos a trabalhar a “inovação social de uma forma estruturada”, a promover a questão da criatividade enquanto instrumento de estímulo à dinâmica cultural no território. Bem como a questão da sustentabilidade das startup. “Já há alguns anos a esta parte tem um vertical específico.”
Para apoiar projetos na área da sustentabilidade e “somos um dos primeiros municípios portugueses a ter um tratamento estruturado no que se refere aos objetivos de desenvolvimento sustentável. Portanto, “o reconhecimento acaba por ser o olhar para todo esse percurso”. O olhar para a maneira como “construímos esse trabalho, sempre em parceria em colaboração com todos os agentes.”
Braga é hoje um dos concelhos que mais cresce em população no país. É um dos concelhos que mais atrai investimento, que mais cria postos de trabalho.
Tem uma população jovem, isso reflete-se na qualidade de vida que “nós oferecemos às pessoas e que obviamente queremos continuar a oferecer no futuro.” Este prémio “acaba por ser também uma porta, uma janela de oportunidades para novos projetos, para novas parcerias, para dar ainda mais visibilidade à cidade na cena Internacional e seguramente abrir novos horizontes, também para muitos dos projetos que queremos desenvolver no futuro,” afirma o Presidente.
A atribuição deste prémio não tem nenhuma consignação direta, “mas posso dizer que neste ano que está a chegar, 2025, há um projeto que estamos a acarinhar e que estamos a implementar. Aliás, não é apenas uma ideia, é um projeto que já está em curso de criação de um centro de apoio à transferência tecnológica na área da biotecnologia.”
É outra das áreas em “temos um grande produção de conhecimento na universidade”. E pretendem começar a estimular também a conversão desse conhecimento em inovação empresarial. E estão a desenvolver, e Braga vai ser o promotor em parceria com a universidade, mas como uma universidade líder. Vão ter que investir algumas centenas, senão milhões de euros no futuro próximo.
O desenvolvimento sustentável
Como refere Ricardo Rio, “quando falamos do objetivo de desenvolvimento sustentável, estamos a falar de conseguir conciliar essas várias dimensões. Aliás, Braga está claramente comprometida do ponto de vista ambiental, do ponto de vista da adaptação às alterações climáticas, como a redução das emissões no nosso território até 2030, de 55%. Estamos a monitorizar anualmente”.
O inventário de emissões, estão em linha com esse mesmo objetivo. Podem ambicionar a ser rapidamente neutrais do ponto de vista das emissões. Uma das áreas que é absolutamente crítica, é a área da mobilidade, tem sido aquela que tem absorvido mais investimentos, com muitos projetos, com muitos recursos que estão a alocar essa mesma área.
“Eu considero que a sustentabilidade não é um hobby ao crescimento económico. Pode ser uma fonte de alternativa de identificação de novas oportunidades de crescimento económico em áreas que promovam essa mesma sustentabilidade.”
A biotecnologia é uma forma também de identificar novas áreas de negócio, novas formas de conhecimento que podem beneficiar também a concretização desses objetivos.
O impacto da Imigração e da emigração em Braga
De acordo com o Presidente da Câmara considera que são um oásis no país e, portanto, vivem também os mesmos desafios que o resto do país vive do ponto de vista da retenção da sua população mais jovem. Portugal é um país em que o nível salarial é variável, crucial é muito baixa comparativamente com os outros países.
Associado a esses baixos salários, o nível de poder de compra que seja compaginável com outros países, tem custos de vida mais elevados do que aquilo que o nosso nível de salarial permitiria. “E isso é um desafio para podermos conseguir reter essa população mais jovem e qualificada.”
Apesar disso, Braga, tem conseguido ser relativamente bem sucedida nessa retenção de talento, criando empregos melhor remunerados, criando oportunidades de realização profissional para os jovens. “Temos hoje quase 40% na nossa população abaixo dos 30 anos de idade, e de facto, ainda “conseguimos manter e atrair muito jovem talento na nossa cidade”, com políticas ativas na área da habitação, na área do emprego, e noutros domínios que são fundamentais.
Para a população mais jovem, a imigração tem sido nesse “particular um auxílio importante neste crescimento. Como teve oportunidade de referir. “Nós temos 130 nacionalidades em Braga, quase 13% da nossa população, são migrantes que me veem com famílias, pessoas que estão a investir, e a trabalhar, “estão ativamente a contribuir para o crescimento da cidade. Não olhamos para a imigração como uma fonte do problema mas sim como uma grande oportunidade para nos ajudar a continuar a crescer.”
Uma mensagem para os emigrantes e para os imigrantes
Para os emigrantes que estão espalhados um pouco por toda a nossa diáspora, “que não deixem de um dia nos visitar e defender melhor a realidade de Braga, porque é importante para o nosso país, que voltem a estabelecer relações com os nossos territórios”, em particular com territórios, projetos como é o caso de Braga e para os imigrantes ou àqueles que ainda olham para o “nosso país como um potencial destino que venham por bem, que venham com vontade de trabalhar, e com vontade de contribuir para esse objetivo. Que se integrem e que não se marginalizem, e não se radicalizem em cada uma das comunidades em que estão instalados.”