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Quinta-feira - 30 Outubro 2025

EXCLUSIVO: Emília de Macedo – a Conselheira das Comunidades Portuguesas em Lyon e Marselha

Destaques

À esquerda Emília de Macedo.

Aos 12 anos de idade Emília de Macedo saiu de uma pequena localidade do Norte de Portugal e rumou juntamente com a sua mãe e mais dois irmãos até França. Não era essa a sua vontade, e “jurou”, que quando fizesse 18 anos regressaria a Portugal. Trinta e cinco anos depois, esta portuguesa continua em França, mais precisamente em Lyon. Aos 43 anos regressou aos bancos da escola onde tirou o curso de Secretária de Assistente Comercial. Atualmente é Conselheira das Comunidades Portuguesas, onde representa as Comunidades de Lyon e Marselha. Sente um enorme orgulho em representar Portugal em terras da igualdade, liberdade, fraternidade…

“Sou conselheira das Comunidades Portuguesas, (CCP) em Lyon e Marselha”. Foi eleita no dia 26 de novembro de 2023, e convidada pelo cabeça de lista, Jorge Campos. Convidou-a para fazer parte da lista dele, mas nunca pensou que iria ser eleita, porque estava em segundo lugar, e havia outra lista, a lista B que era liderada por um senhor que já era conselheiro há muitos anos e que tinha feito um excelente trabalho, o Senhor Manuel Cardia Lima. E que ainda hoje é Conselheiro. Trabalham juntos e Emília pensou: “vou com muito prazer, e ajudarei em tudo o que for preciso, porque sou uma pessoa que estou muito ativa na Comunidade, e se é para fazer ganhar o senhor Campos, vamos em frente”. E foi eleita “tivemos bastante votos e foi assim que eu cheguei a ser conselheira das Comunidades.”

O que fazem em concreto os conselheiros?

O papel dos Conselheiros nas Comunidades, em primeiro lugar, é escutar a Comunidade, porque é importante que se sintam bem e que são ouvidos. Também aconselham quando é necessário, e estar a representar a Comunidade no melhor possível, porque antigamente, antes de ser eleita a maioria da comunidade portuguesa, não sabia qual era o papel de um Conselheiro das Comunidades. E tiveram que esclarecer qual era o “nosso papel, e que “estamos aqui para o bem da Comunidade” e que são a “via verde” entre a Comunidade portuguesa e o Estado português, o consulado e a embaixada e “temos acesso mais facilmente que a própria Comunidade. E estamos aqui, para ajudá-los, e escutar as suas dificuldades,” salienta a Conselheira.

Vêm a Portugal reunir com que frequência?

“Estivemos em Lisboa no plenário que tiveram 76 conselheiros do mundo inteiro no ano passado, no mês de Outubro de 2024.” E estiveram Lisboa outra vez em Lisboa, mas só os da Europa, entre os dias 19 a 21 de Março.

O que é que a levou a ir para Lyon?

Emigrou quando tinha apenas 12 anos quando foi para França. Depois da separação dos seus pais, a sua mãe teve que emigrar porque “viviamos numa zona um bocadinho isolada do interior de Portugal, no Minho”. Após o divorciou e com 3 filhos para criar e sem emprego em Portugal, a sua mãe e os três filhos rumaram até França. Mas Emília nunca esteve de acordo em ir para França, e disse à sua mãe quando chegasse aos 18 anos iria voltar para Portugal, mas, 35 anos depois, continua em Lyon e está muito feliz.

“Fiz um bocadinho de tudo”. Trabalhou com crianças, serviu em restaurantes. Foi chefe de uma equipa de pessoas que trabalhavam na área da limpeza e quando fez 43 anos, decidiu voltar a estudar, fez o curso de Secretária de Assistente Comercial. Depois encontrou trabalho onde está atualmente, é governanta numa quinta de vinhos, que agora fazem eventos.

Essa quinta de vinhos, que agora se transformou num lugar onde recebem empresas, celebram casamentos, batizados, todo o tipo de eventos, e está lá a trabalhar há dois anos e meio.

Atividades em Lyon

Em Lyon, há uma comunidade muito ativa, com 30 associações, na maioria da parte do Norte de Portugal. O folclore é a primeira, também há rusgas, e outras Associações que organizam noites de fado, e vários eventos, com artistas que vêm de Portugal, onde a Comunidade se sente bem a ouvir a música portuguesa, a comer comida portuguesa. “Eu acho que a nossa Comunidade aqui em Lyon rondam mais ou menos, segundo os dados que eu tenho os 120 mil portugueses.”

E na Córsega também há uma comunidade muito expressiva, entre 20 a 25 mil. Para se ter uma ideia de como é que a Comunidade está representada nestas duas jurisdições em Lyon e Marselha.

Como são vistos os Portugueses pelos Franceses?

Os francês acham que “nós somos uma comunidade extraordinária, porque somos, como eles dizem, uma espécie de Camaleões, nos adaptamos bem em todas as situações. E é verdade.”

É uma comunidade de trabalhadores com muito boa educação, e isso “é uma honra para mim como Conselheira representar esta Comunidade que está tão bem vista.”

A nova emigração

Esta nova emigração é mais erudita, é bem vista pelos franceses, porque atualmente não é aquela emigração de antigamente, quando vinham para aqui para reconstruir a França, agora “a nossa Comunidade há muitos portugueses que têm a sua própria empresa. Temos muitos portugueses que também estão na política, em grandes cargos de responsabilidade de escritórios e de advogados, um pouco em todas as áreas.”

A nova emigração agora vem para França, com os diplomas na mala. Antigamente vinha com a mala de cartão.” São pessoas muito acessíveis muito humanas e trabalhadoras. E o mesmo espírito que “temos na nossa cabeça, a Comunidade portuguesa trabalhadora e que está aqui em França para avançarmos, para trabalharmos juntos e para também fazer crescer a França, temos muitos lusodescendentes aqui.” Reforça a Conselheira.

Como é visto pelos franceses a nova comunidade portuguesa?

O olhar dos Franceses para os portugueses mudou, hoje em dia, “para mim, como conselheira, é uma honra quando eu estou com um grande empresário ou um grande diretor de uma empresa francesa, onde estão muitos portugueses a liderar essas empresas. Na minha redondeza há muitos dirigentes de empresas francesas. E ver a comunidade portuguesa tão bem vista, como estão atualmente. Antigamente os Franceses tinham uma ideia um bocadinho rebaixante pelo nosso país.

Portugal está a tornar-se um exemplo para a Comunidade francesa. A maneira que está a ser gerido, e como nós saímos da crise que atravessamos entre 2008 e 2012, que foi uma crise muito difícil para o país, mas hoje, depois desta dificuldade passada, estamos a ser um exemplo para os franceses. E isso é uma honra enorme. E de ver que o olhar que os franceses tinham de Portugal mudou. No sentido positivo, claro.

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