Katherine Soares, luso-descendente vive em Clark, no Estado de Nova Jersia, a 20 minutos a sul de Newark, uma cidade onde há uma comunidade portuguesa bastante alargada. Nasceu nos Estados Unidos e fez lá todo seu percurso académico. Os pais são emigrantes provenientes da ilha de São Miguel, nos Açores. Foram para lá na década de 70, do século passado, e Katherine nasceu e estudou sempre em escolas americanas, com complementos de uma escola comunitária portuguesa, que frequentou desde os 8 até aos 17 anos, ou seja, nove anos de escolaridade para aperfeiçoar o português, e também aprender um pouco sobre a história de Portugal, entre outras coisas.

É formada, com licenciatura em Biologia, que não tem nada a ver com a sua atividade profissional atual, o seu currículo baseia-se em vinte e tal anos de trabalho em marketing e relações públicas.
Uma das particularidades dos Estados Unidos, é que uma pessoa pode estudar anos numa determinada área e trabalhar noutra completamente diferente. Algo que em Portugal ainda continua a ser assim um bocado “outside of the box”.
Ao nível comunitário esteve sempre envolvida na Comunidade, em associações mais locais de cariz cultural e criativa para a comunidade luso-americana.
Trabalhou 10 anos em Manhattan, e esteve sempre muito envolvida num grupo de networking de luso-americanos, ainda recém emigrados, na cidade de Nova Iorque, e foi através desta envolvência na Portuguese Circle, que é o grupo de networking, que foi abordada pelo então Presidente da Palcus, para integrar a Direção da mesma, que é a única organização a nível nacional que zela em prol dos interesses luso-americanos.
Qual é a Missão da PALCUS?
Katherine Soares, começa por dizer que a missão é dar uma voz ativa da Comunidade luso-americana nos Estados Unidos em geral, “tentamos captar os jovens, com vários programas para que estes se possam envolver, e entregamos bolsas de estudo.” Revela Katherine.
Têm uma academia, a NextGen Academy, que é uma subdivisão da organização, que se chama Native Academy, que basicamente aproxima a próxima geração.
Todos os anos envolve entre 30 e 40 jovens, com a idade compreendida entre os 18 e os 35, para reuniões virtuais mensais, e às vezes até eventos presenciais de networking para eles próprios começarem a criar uma rede com pessoas da faixa etária semelhante à deles. A nível profissional e até ao nível de amizade.
“Reconhecemos também talentos e o sucesso e as conquistas da Comunidade luso-americana a nível nacional, com a nossa gala, onde entregamos entre, sete a doze prémios por ano em vários ramos: jornalismo, medicina, ciências, educação, o serviço comunitário, etc. a nossa gala este ano, vai ser no dia 18 de outubro em Washington D.C.
Todos os anos tentamos fazer num sítio diferente, intercalando com um regresso a Washington D.C porque foi em Washington que a Palcus foi fundada. Ano sim, ano não, estamos em Washington, este ano vamos estar lá, mas no ano passado estivemos em Cambridge, no ano anterior, em Miami. E também já estivemos em Sacramento, San Diego, em Nova Iorque, etc.” Explica a Diretora.
Quantas pessoas estão envolvidas na PALCUS? São todos voluntários?
São todos voluntários, têm presentemente 13 Diretores espalhados pelos Estados Unidos. Flórida, Califórnia, Rhode Island, Massachusetts, Connecticut, Nova Jersey, Nova Iorque, todos trabalham, sem remuneração, têm uma Coordenadora de programas, a única funcionária, a tempo inteiro, e que é remunerada.
Têm já cerca de 600 e tal associados com quotas em dia, espalhados pelos Estados Unidos. “É óbvio que gostaríamos de ter mais, sendo que as nossas quotas até são bastante acessíveis. Temos vários níveis de sócio, começando a 50 dólares anuais,” afirma a Diretora.
Têm 30 e tal anos de existência, e são responsáveis pela criação dos Caucus no Senado dos Estados Unidos e na Câmara de Representantes, em Washington.
Apesar de manter uma posição não partidária, só dessa forma se mantêm isentos de impostos, e também não podem ter cor partidária, sendo que estes 2 grupos no senado e na Câmara de Representantes fazem sempre questão de envolver todos os luso-eleitos a nível federal.
Também senadores e congressistas que representam comunidades e distritos com uma população acrescida de luso-descendentes ou de portugueses. E a liderança de ambos os grupos é sempre uma combinação de um Republicano e um Democrata. Que esteja com um mandato ativo.
Há muitos portugueses ou luso descendentes como senadores, Republicanos, e/ou Democratas?
“Como senadores não temos tantos. Penso que neste momento só temos um, com descendência Luso-americana, os restantes membros do Caucus Friends of Portugal no Senado, são senadores que representam Estados, ou são senadores estaduais, que representam populações mais acrescidas de luso-americanos. Neste momento os números oficiais destas populações, porque a PALCUS foi responsável pela campanha Make Portuguese Count, no último censos de 2020.
O Caucus, é um equivalente a um grupo parlamentar. Como por exemplo, o Black American Caucus, o Portuguese American Caucus, ou no Senado o Friends of Portugal, que é o nome do Caucus na Câmara de Representantes é o Portuguese American Caucus of the House of Representatives. Há vários grupos, alguns deles ligados a causas específicas, outros ligados a grupos étnicos etc, e são grupos em que os congressistas, como representantes, e como senadores, trabalham juntamente com as comunidades, mas não podemos fazer lobbying, temos que nos manter apartidários, mas podemos reunir-nos com os membros dos Caucus, destes grupos parlamentares, sobre temas relevantes da comunidade Luso-Americana”, exemplifica.
Que organismos portugueses sabem da vossa existência?
“Temos contacto constante tanto com o Ministério de Negócios Estrangeiros – temos uma relação muito boa. Como também com instituições como o Instituto Camões, principalmente porque umas das nossas bases de dados que mantemos é uma base de dados que fala sobre programas de língua portuguesa, desde o nível de escolas comunitárias até a programas universitários, onde as pessoas, algumas universidades, as pessoas se podem licenciar, quer na língua portuguesa, em história Portuguesa ou Literatura.
Todos os luso-americanos que queiram ver, não são obrigados a ser associados da Palcus, quais são as oportunidades que têm ao nível de educação, quer ao nível da língua portuguesa, História, e Literatura portuguesa, bem como também têm uma Bolsa de estudos destinados a luso-americanos e a luso-descendentes, e também quais são as escolas comunitárias que têm acesso, pois muitas vezes acontece que nem sabem como é que hão de proceder, e querem iniciar estudos na língua portuguesa com os filhos ou os netos ou até os sobrinhos.” Exemplifica a Diretora.
Uma mensagem que queira dar aos nossos governantes?
Katherine começa por dizer que a sua mensagem se dirige à Comunidade, em específico Luso-americana, e informá-los que a PALCUS existe, estamos sempre presentes em redes sociais, no próprio website, é um aplicação gratuita para fazerem o download na GooglePlay e na PlayStore.
E por menos de uma dólar por semana podem apoiar a única organização a nível nacional que zela em prol dos interesses da comunidade luso-americana e tenta dar-lhes uma voz ativa.
Para os governantes portugueses, gostava de continuar a manter uma boa relação, quer com o Ministério de Negócios Estrangeiros e até com o Governo da Região Autónoma dos Açores.
“Eu gostava mais uma vez, reiterar que devemos ser utilizados com uma “ferramenta” para eles comunicarem com a Comunidade luso-americana.
Temos uma rede extensa com uma pegada digital em que cada touchpoint que pode atingir até 30 mil pessoas de uma vez só. Numa Comunidade com cerca de um milhão e meio de pessoas de ascendência portuguesa. E temos capacidade para divulgar ainda mais através dos nossos associados e dos nossos parceiros nos Estado Unidos.
Convinha que o Governo português nos visse como uma ferramenta legítima, útil para comunicar e para perceber também do lado de Portugal, aquilo que interessa à diáspora portuguesa, que é enorme.
E que convém manterem estes laços e elos de ligação com esta diáspora, neste mundo cada vez mais globalizado, e temos mais contactos uns com os outros através da digitalização, e que é cada vez mais fácil eles utilizarem a PALCUS como palco para aquilo que lhes interessa divulgar a nível a nível de mensagem para os portugueses e luso-descendentes que estão fora.
A nível de associações e até de quem está em Portugal, como por exemplo a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), que pensamos que podia podia ser cada vez mais fortalecida.
Sendo que somos a única organização, a nível nacional, ludo-americana. “Se a FLAD não nos apoia, então quem é que nos vai apoiar?” Questiona a Diretora.
“Somos basicamente um elo direto a nível nacional para o desenvolvimento da Comunidade e de negócios e até para ampararmos os futuros políticos luso-descendentes, sem cor partidária. Precisamos de apoio financeiro, era muito bom, organizações e outras associações e fundações, perceberem que somos úteis para com o trabalho deles e para a mensagem que querem divulgar.”Apela Katherine.
Quantos portugueses e luso-descendentes há nos Estados Unidos, e quantos fazem parte da Palcus?
Segundo censo de 2020, na qual a PALCUS foi responsável pela contagem oficial, para que houvesse o número oficiais e não estimativas. Há 1 454 262 mil luso-descendentes/portugueses, nos Estados Unidos, é um número bastante expressivo.
“A PALCUS tem 600 associados com quotas em dia, mas todos os recursos são gratuitos para acederem tanto à aplicação, às bases de dados no website e páginas nas redes sociais, Instagram, Twitter, Tiktok e Facebook, e a Newsletter, que pode semanal e até mensal, todos podem receber, mesmo sem ser associado da PALCUS à partida, nós queremos aceder e ajudar e contactar com todos estes portugueses. Não há forma de ver quantas vezes é que a nossa Newsletter é reencaminhada, mas com tantos portugueses nos Estados Unidos, acreditamos que a nossa pegada seja muito maior do que aquilo que os números que nós temos.” Finaliza a Diretora da PALCUS, Katherine Soares.



