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Quarta-feira - 29 Outubro 2025

EXCLUSIVO – Cabo Verde: um país em expansão

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O arquipélago de Cabo Verde celebra, este ano, o 50º aniversário da independência de Portugal. Numa cerimónia que reuniu, no passado dia 5 de Julho, entre outros, o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e os Presidentes da República de Cabo Verde, José Maria Pereira das Neves e da Guiné-Bissau, Sissoco Embaló, recordou-se essa trajetória de desenvolvimento deste país lusófono.

Cabo Verde possui uma posição estratégica privilegiada no contexto africano. As ilhas deste Arquipélago, situam-se no ponto mais ocidental do Continente em África, e a geografia tem sido um dos aliados do desenvolvimento do país, a par da consolidação do regime democrático e da exploração do seu potencial turístico.

O processo de independência está umbilicalmente ligado à figura de Amílcar Cabral. Foi este dirigente que, em 1957, criou o partido africano para a independência da Guiné e de Cabo Verde, numa luta pela libertação que daria frutos a 19 de Dezembro de 1974, com a assinatura do Tratado de transição do poder entre Portugal e o PAIGC .

Nascido a 12 de Setembro de 1924 em Batafá, Guiné-Bissau, Amílcar Cabral foi um dos grandes protagonistas dos movimentos de libertação dos países africanos de língua portuguesa. Depois de um período de estudos no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, participou em reuniões antifascistas ao lado de outras destacadas personalidades como Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto ou Marcelino dos Santos.

Acompanhou de perto a internacionalização das reivindicações destes movimentos, marcou presença na conferência de Bandung em 1955, e foi um dos assinantes do “Manifesto de 1956” e um dos fundadores do MPLA. Amílcar Cabral morreu precocemente em janeiro de 1973, mas o seu legado expandiu-se para um Estado que tem consolidado a sua posição económica e democrática, no Continente africano.

No plano político, a alternância partidária no poder, o respeito pela liberdade de imprensa e pelos direitos civis, são indicadores apontados como extremamente positivos pela generalidade dos observadores internacionais. O seu índice de desenvolvimento humano, uma ferramenta estatística criada pelas Nações Unidas, situa o país na 135 posição, a nível mundial.

Economicamente, o turismo, as pescas e a agricultura são as três atividades principais do país, embora se note uma diversificação da sua aposta económica noutros setores em áreas como a economia digital ou a indústria do mar. Os últimos dados económicos são manifestamente otimistas: O PIB de Cabo Verde cresceu 7,3% em 2024, impulsionado pelo turismo e consumo privado, a inflação caiu para 1% em 2024, devido à queda dos preços internacionais de energia e alimentos, e o Banco mundial elevou Cabo Verde para a categoria de país de rendimento médio-alto.

A imensa diáspora cabo-verdiana é outro capital humano que promove Cabo Verde além fronteiras. Com uma população no estrangeiro que supera os residentes no país- segundo os dados de 2024, cerca de 524.877 habitantes vivem no país, a diáspora estende-se por países como Portugal ( onde é a terceira comunidade com 48.885, perfazendo 4,7% no total, a seguir à brasileira e angolana), Angola, Moçambique Estados-Unidos, Reino Unido, França ou Itália.

Os desafios para o futuro são imensos. Mas este país, que conseguiu a sua independência com perseverança, mostra sinais de resiliência e capacidade para continuar no caminho do progresso e desenvolvimento económico, nas próximas décadas.

Rui Marques

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